Guerra da Coreia: O que levou o país a se dividir em duas partes?

Se você acompanhou nosso post sobre o Samiljeol, o movimento em busca pela independência da Coreia, provavelmente percebeu que por pouco a cultura coreana não desapareceu dos mapas devido à ocupação colonial japonesa desde 1910. Durante esse período, os coreanos foram submetidos a uma intensa exploração e opressão, conseguindo sua liberdade somente com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando os Estados Unidos derrotaram o Japão. No entanto, outra história começou: a Guerra da Coreia.

Antes desse triste período, a Coreia era um país unificado, com uma história e cultura ricas e complexas. Sua economia era baseada principalmente na agricultura, como arroz, cevada e trigo. A sociedade era fortemente influenciada pelo confucionismo e pelo budismo, e o sistema educacional enfatizava a leitura e a escrita de caracteres chineses.

Mas a independência coreana não foi um conto de fadas, já que antes mesmo da Segunda Guerra Mundial terminar, os 4 Grandes Aliados – Estados Unidos, Reino Unido, União Soviética e China – haviam assinado um acordo para administrar a Coreia.

Como a Coreia foi separada

Com isso, em 14 de agosto de 1945, os soviéticos ocuparam a parte norte da Coreia, enquanto os Estados Unidos ficaram com a parte sul da península, estabelecendo assim a linha que definia a divisão “temporária” entre os países, conhecida como Paralelo 38. Os Aliados concordaram em ocupar a Coreia por 5 anos, até que o país estabelecesse um governo legítimo.

crédito da imagem: Media Drum World

Sendo os Estados Unidos um país capitalista e a União Soviética comunista, ambos não aceitaram o acordo nem o mesmo sistema de governo para a Coreia. Por isso, em 1947, os Estados Unidos levaram essa questão para a ONU. Mesmo assim, ainda dividida, tanto a parte norte quanto a parte sul da Coreia fizeram suas eleições.

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Rhee Syngman (이승만), primeiro presidente da Nova República da Coreia

No lado Sul, Rhee Syngman (이승만) tornou-se o primeiro presidente da Nova República da Coreia, enquanto no norte, Kim Il-Sung (김일성) foi nomeado líder de um governo comunista. Como a ONU respondeu a isso? Em 1948, quando a eleição já havia acontecido, a Assembleia Geral da ONU reconheceu apenas a República da Coreia do Sul como o único governo legítimo da Coreia.

O nome oficial da Coreia do Sul passou a ser 대한민국, que significa “Grande Nação do Povo Han”, e é abreviado para 한국 (Hanguk) para se referir à Coreia. Já para a Coreia do Norte, o nome oficial passou a ser 조선민주주의인민공화국. Sim, isso tudo para dizer “República Democrática Popular da Coreia”. Nesse caso, o nome Coreia pode ser abreviado para 조선 (Joseon), o nome do primeiro reino da Coreia, chamado hoje também de 고조선 (Gojoseon).

Ainda em 1948, a União Soviética retirou as suas tropas do país e um ano depois foi a vez dos Estados Unidos saírem, deixando para os próprios coreanos resolverem o problema da divisão. O resultado não poderia ter sido outro: a Guerra das Coreias!

A Guerra da Coreia: o início de tudo

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Tudo isso começou com a China e a União Soviética – apesar de tentar evitar um confronto militar com os Estados Unidos. A China tinha acabado de encerrar uma longa guerra civil entre comunistas e nacionalistas, com a vitória dos comunistas na Revolução de 1949. Aliás, a China que reconheceu a República da Coreia foi a que perdeu a guerra civil e ficou encurralada na ilha que conhecemos como Taiwan.

Com a vitória da China comunista, Kim Il-Sung (김일성), avô do atual líder da Coreia do Norte Kim Jong-un (김정은), com o objetivo de unificar a península sob um regime comunista, ficou encorajado e pediu ajuda aos soviéticos para invadir a Coreia do Sul. Mas, para não ter problemas com os americanos, eles só dariam uma ajuda financeira caso Mao Tsé-Tung – líder da China comunista – concordasse em ajudar também.

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Foi então que Kim Il-Sung (김일성) comandou uma invasão bem-sucedida na Coreia do Sul em 25 de junho de 1950. Nem os sul-coreanos nem o governo americano estavam preparados para isso, e por isso a ajuda demorou um pouco para acontecer.

Em apenas 3 meses, os norte-coreanos já haviam dominado quase todo o território do sul, exceto Busan. Com isso, muitos sul-coreanos tentaram se refugiar em Busan. Foi de lá que o socorro militar americano, junto com vários outros países sob o comando da ONU, chegou e juntos conseguiram impedir que os norte-coreanos tomassem a cidade.

Até novembro de 1950, o exército americano tinha praticamente derrotado os norte-coreanos e dominado quase todo o território da península. Mas, apesar de a recuperação ter sido relativamente rápida, a guerra não havia acabado. A China entrou na guerra enviando, inicialmente, 200 mil soldados chineses e, ao todo, quase 3 milhões de soldados.

Naquela época, a China já possuía uma grande população, tornando mais fácil enviar soldados para pressionar os Estados Unidos e impedir que eles dominassem o norte da península. O exército americano foi empurrado até a divisão original da Coreia, o Paralelo 38.

A guerra acabou?

Apesar da sangrenta guerra ter durado até 27 de julho de 1953, nenhum dos dois lados conseguiu ultrapassar o limite estabelecido previamente. Com isso, tanto a Coreia do Norte quanto os Estados Unidos e o comando da ONU assinaram um armistício que estabelecia o cessar-fogo, mas que não era um tratado de paz. E assim, ambos os países permaneceram dentro de seus limites.

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No pós-guerra, a Coreia era um dos países mais pobres do mundo. A pobreza era tanta que era muito difícil viver no país durante os anos 1960. Por isso, aqueles que tinham possibilidades saíram da Coreia em busca de uma vida melhor em outros países, como o Brasil. Naquela época, as Filipinas eram um país que ajudava muito a Coreia – inclusive os presentearam com um ginásio esportivo. Hoje, a Coreia retribui ajudando vários países.

Sabe aquele riacho que aparece no drama Lovestruck in the City (Apaixonados na Cidade)? O Riacho Cheonggyecheon (청계천), durante esse período, ele era um verdadeiro esgoto à céu aberto, com uma favelização total ao redor. Hoje, ele está despoluído e o local é urbanizado e limpo.

Como ficaram as famílias que viviam ao lado norte e ao sul?

A guerra separou muitas famílias que ficaram divididas pela fronteira entre as duas Coreias. Mesmo com o fim da guerra, as restrições às viagens e comunicações entre os dois lados dificultaram ainda mais as reuniões familiares. Muitas pessoas nas duas Coreias têm parentes do outro lado da fronteira que nunca conheceram ou que não veem há décadas, o que gerou muita tristeza para as famílias.

Inclusive, um famoso programa coreano chamado 이산가족을 찾습니다 (Encontrando Famílias Dispersas)  tinha como objetivo reunir as famílias que tinham sido separadas pela Guerra da Coreia.

Apesar das diferenças políticas, culturais e econômicas entre os dois países, muitos coreanos sentem uma conexão cultural e emocional uns com os outros. Quem sabe um dia teremos as Coreias unificadas e em paz.

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